Como gerenciar prazos e evitar falhas em projetos pequenos

Para gerenciar prazos, Imagine este cenário: um cliente conhecido por exigir prazos desafiadores solicita um projeto que, à primeira vista, não parece complexo. Estamos falando de algo em torno de 100 horas de desenvolvimento – o tipo de demanda que muitas equipes enfrentam diariamente. Porém, o que parecia ser simples logo se transforma em um exemplo clássico de como a falta de comunicação, alinhamento e planejamento pode complicar até mesmo os projetos mais curtos.

A alta gestão, pressionada pela urgência do cliente, aceita o prazo sem realizar uma análise aprofundada da capacidade do time. O gerente de TI, responsável pelos coordenadores de produtos e de desenvolvimento, reúne as lideranças para organizar a entrega. O gerente de projetos, que lidera um time de especialistas, incluindo um analista de projetos, também é envolvido. A partir daí, as responsabilidades começam a ser distribuídas.

A área de produtos, liderada pelo coordenador de produtos e os Product Owners (POs), fica responsável por entender as necessidades do cliente. A equipe técnica, liderada pelo coordenador de desenvolvimento, assume a execução. Já o analista de projetos, encarregado de apoiar na organização e planejamento, comete um erro logo no início: convoca o PO errado para as discussões iniciais e, mais tarde, assume a criação da documentação para ganhar tempo – mas isso só aumenta os problemas.

Embora seja um projeto menor, as consequências das falhas se acumulam: documentação incompleta, mudanças de escopo mal gerenciadas, ausências de pessoas-chave e, por fim, pressão por prazos que levam o time a trabalhar horas extras. Vamos explorar o que deu errado e, mais importante, como evitar que isso aconteça novamente.

Quando 100 horas se tornam um desafio

Mesmo em projetos menores, alguns erros podem amplificar os problemas e transformar o simples em algo frustrante. Vamos detalhar os principais pontos que levaram esse projeto a sair dos trilhos:

  1. a ilusão do “simples”
    Por ser um projeto estimado em apenas 100 horas de desenvolvimento, a alta gestão assumiu que a entrega seria direta e tranquila. Não houve uma análise detalhada da capacidade do time nem uma revisão aprofundada dos prazos. Esse “simples” se tornou complexo porque decisões importantes foram tomadas sem embasamento.
  2. falha no envolvimento do PO correto
    O analista de projetos, que deveria facilitar o alinhamento entre as áreas, convocou o PO errado para as primeiras reuniões. Isso criou um efeito cascata: o escopo não foi discutido corretamente desde o início e, mais tarde, a documentação precisou ser corrigida às pressas.
  3. documentação feita pela pessoa errada
    Pressionado pelo prazo, o analista de projetos decidiu ele mesmo criar a “Especificação Funcional” para o cliente. Embora tenha sido uma tentativa de ajudar, ele não tinha o contexto necessário, o que gerou inconsistências e retrabalho.
  4. ausência de pessoas-chave no momento crítico
    O principal desenvolvedor saiu de férias durante uma etapa importante, o que já era esperado. Porém, quando ele voltou, o PO titular estava ausente. Isso deixou o novo PO temporário sem contexto suficiente para dar suporte, obrigando-o a recorrer à área de negócios e ao coordenador de desenvolvimento para tirar dúvidas.
  5. pressão por prazo e relacionamento desgastado
    Com o cliente pressionando pela entrega, a equipe técnica enfrentou dificuldades por falta de suporte do coordenador de desenvolvimento, que já não tinha uma relação próxima com o time. Para atender ao prazo, os desenvolvedores trabalharam horas extras, o que elevou o risco de burnout e comprometeu a qualidade da entrega.

O que fazer para evitar esses problemas?

Mesmo em projetos pequenos, é essencial ter processos bem definidos e uma comunicação eficiente. Veja como você pode evitar essas armadilhas:

1. nunca subestime um projeto, mesmo que pareça pequeno

Como fazer:

  • Sempre realize uma análise inicial detalhada, mesmo em demandas menores. Reúna lideranças e POs para revisar prazos, capacidades e potenciais riscos.
  • Estime as horas, mas considere o contexto completo. Pergunte: “Quais são as outras demandas da equipe? Há ausências previstas? Estamos preparados para mudanças?”

Exemplo prático: Durante o planejamento, o gerente de TI solicita uma avaliação do backlog e descobre que outros projetos em andamento já comprometem 80% da capacidade do time. O prazo do cliente é renegociado com base nessa realidade.

2. centralize o contexto no PO correto

Como fazer:

  • Defina claramente quem é o PO responsável e certifique-se de que ele esteja presente em todas as reuniões importantes.
  • Use ferramentas como Confluence ou Notion para registrar todas as decisões e garantir que qualquer membro do time possa acessar o contexto completo.

Exemplo prático: Antes de convocar a primeira reunião, o analista de projetos verifica quem é o PO titular da área e confirma sua disponibilidade. Ele também prepara um resumo inicial do escopo para facilitar o alinhamento.

3. crie processos claros para mudanças de escopo

Como fazer:

  • Estabeleça uma política de gestão de mudanças, onde toda solicitação seja registrada e analisada quanto ao impacto no prazo e na execução.
  • Negocie com o cliente entregas incrementais, priorizando o essencial.

Exemplo prático: O cliente solicita uma alteração de última hora. O PO organiza uma reunião com o coordenador de desenvolvimento e apresenta ao cliente as consequências da mudança: a funcionalidade será entregue em uma próxima fase para garantir a qualidade da entrega atual.

4. planeje e documente para mitigar ausências

Como fazer:

  • Antes das férias ou ausências, garanta que todo o contexto do projeto esteja registrado e compartilhe as informações com os substitutos.
  • Realize reuniões de transição entre stakeholders para alinhar expectativas e responsabilidades.

Exemplo prático: Antes de sair de férias, o PO titular transfere todo o contexto para o substituto em uma reunião e documenta os requisitos no backlog. Assim, quando o desenvolvedor retorna, ele tem acesso a informações completas e pode seguir com a execução.

5. invista no relacionamento interno e evite sobrecarga

Como fazer:

  • Promova reuniões regulares para identificar bloqueios e fortalecer a colaboração entre líderes e equipes.
  • Inclua buffers no planejamento e ajuste os prazos para evitar horas extras desnecessárias.

Exemplo prático: Após ouvir feedback do time em uma retrospectiva, o coordenador de desenvolvimento começa a participar ativamente das dailies, oferecendo suporte técnico e se tornando mais acessível para resolver problemas.

O aprendizado por trás das 100 horas

Projetos menores não significam menos desafios. Muitas vezes, a sensação de que “vai ser simples” leva a negligenciar detalhes importantes. Este caso nos ensina que:

  1. Mesmo demandas pequenas precisam de processos claros.
  2. O contexto é rei. O PO certo e uma documentação bem-feita fazem toda a diferença.
  3. Planejar é prevenir. Seja para ausências ou mudanças de escopo, o planejamento sempre reduz riscos.
  4. Equipes motivadas entregam mais. Relacionamentos saudáveis e carga de trabalho equilibrada garantem qualidade e eficiência.

Com as práticas certas, até os projetos mais apertados podem ser entregues com sucesso. E você, já enfrentou desafios assim? Compartilhe sua experiência nos comentários! 😊

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